Quem anda comigo recebe essa pergunta com frequência. Porque a Lua é foda. Marca presença sem causar alarde. Sem disputar espaço. Linda e discreta. Nem acredito que tem gente que passa a noite toda sem buscá-la. As belezas naturais perderam tanto espaço na cidade que olhar pra cima devia ser automático.
Quando não é, só precisamos de uma forcinha pra lembrar. Ver alguém na rua com os olhos erguidos, sorrindo, começar a procurar o que há no céu, encontrar e sorrir também. Ou ler sobre ela, levantar e ir procurá-la. Tomar um ar. Deixar nascer mais um sorriso. Porque ela tem esse superpoder: iluminar um rosto sério depois de um dia longo. Só por estar ali — mesmo esse ali sendo longe.
Outros elementos da natureza me lembram da presença divina (coloque aqui a energia vital de sua preferência). Mas a Lua é minha referência. Ela estará aqui independente do que acontecer. Com suas fases, porque nada é fixo. Com sua estabilidade, porque tem uma essência. Mesmo quando não a vejo, quando parece diminuir, ela é sempre inteira e presente. É mais uma questão de ponto de vista. Ou ponto de luz. Em algum momento ela brilha de novo. Esse misto de inconstância e independência me deixa mais tranquila com o viver. Têm coisas incríveis vivendo como a gente.
Ela também me traz de volta ao presente. O dia difícil que passou, as experiências que me machucaram, o que eu perdi ou deixei pra trás ficam no passado. Uma fase. Logo mais chegarão as estrelas. E o amanhecer. E tudo isso precisará de espaço. Um Universo. Abro esse espaço para o que vai chegar. E para o que já está aqui. E vai ficando tudo bem.
Hoje é dia de Lua Cheia. Dia incrível pra esse exercício de contemplação, pra essa caça-ao-tesouro sem intenção de posse. Independente do dia maravilhoso ou pesado que você teve. Independente das coisas que você está tentando manter ou deixar ir. Hoje te convido a se deixar abraçar pela luz de quem está em mudanças constantes, assim como você.
E aí, você já viu a Lua hoje?
