Vai ver é cisma

Morena
2 min readSep 12, 2023

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Sobre desprender-se de uma relação não saudável

Talvez não fosse amor. Vai ver foi cisma. Ideia fixa. Machado tinha razão, isso mata. Talvez toda essa reação química de um corpo na presença de outro seja só a expressão da memória celular das primeiras interações. Talvez a romantização do tesão. Ou do apego. Ou a falta de alguma ligação neural responsável por dosar essa excitação, já que o racional não se comunica com aquele conjunto de células que produzem as respostas de quando ele vai embora.

Quando o romance deixou minha casa, fui forçada a encarar o abismo. Já aconteceu com você? Ou com uma amiga? Ela se esvaziar de si porque queria se encher do outro? E o outro, como um indivíduo livre e nem sempre responsável, decide ir. Fica então o contorno daquela antiga mulher, agora vazia da presença de si e do objeto amado. E agora, José?

Mas, sabe, parecia amor na época. Talvez por isso eu tenha aprendido tanto. Porque me ajudou a descobrir o quanto posso amar. O quanto quero amar. E quando essa cisma vestida de amor me machucou, eu descobri tanto, mas tanto amor ao meu redor, que só peço desculpas ao Universo por um dia ter duvidado de que esse sentimento lindo estava na minha vida.

E claro, se você encara o abismo, ele te encara de volta. Aceitar que me doei por quem não pediu meu tempo nem meu esforço. Quem nem queria tanto de mim, mas também não negou usufruir dos meus (até então) melhores anos.

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Assim como essa lição, esse é um texto que não tem final. Nem lição de moral. Só o exercício constante de estar atento — a si e ao outro — para saber limites, desejos, possibilidades e impedimentos. Aquele exercício simples e nem por isso fácil de olhar as coisas (de dentro e fora de nós como são). E para tudo que deve ser feito sem mais delongas, deixo apenas meu pequeno mantra: divirta-se!

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Written by Morena

Eterna aprendiz na escrita e na vida adulta. Falo principalmente de (e com) amor, próprio e pelo outro.

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