Sobre idas e vindas

Morena
2 min readSep 1, 2021

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É ótimo. E por isso mesmo é estranho. Viver uma relação saudável depois de tantas histórias de desencontros é o conforto mais incomum que já senti. E naquele jantar, depois de um dia difícil em que ele esteve ao meu lado, senti um medo bastante familiar.

Ele ia viajar. E na minha experiência, todo “tchau” pode ser o último. Eu como gosto tanto dele, da companhia, dad risada juntos, de ouvir músicas do DJ Topo, de falar de crônicas do Veríssimo... Eu queria que ele voltasse. E comuniquei isso, enquanto encrava o guardanapo nas minhas mãos, pronta para secar com ele as lágrimas que ameaçavam chegar.

Também estava pronta para ouvir algum daqueles discursos comuns de que não temos controle de nada e de que ele não poderia prometer sobre o futuro. Afinal, sempre foi o que ouvi quando coloquei meus medos na mesa.

Ele respondeu:

- Eu vou voltar.

Silêncio. Não aquele constrangedor de quando as expectativas estão desalinhadas. Era um silêncio de alívio e compreensão. Eu não podia ter certeza de que ele voltaria, mas confiar naquela intenção me bastou. E claro, escondi a emoção naquele copo de coca cola e naquela camisa perfumada.

Continuamos o jantar e nos despedimos. Ele foi viajar. Eu fui mudar de lugar também.

Ele voltou.

E mesmo com toda a euforia de vê-lo, as coisas foram normais. Normalmente incríveis. Jantamos, comemos sobremesa, sobre a cama, sob o chuveiro. Me diverti e mesmo preocupada com tudo que a vida adulta exige, me senti feliz. Segura. Inteira.

Senti o gosto de poder colocar minhas prioridades, meus gostos e meus dilemas. O gosto de sentir que ser do meu jeito não é um problema. A magia do que é simples. A estranha felicidade em pedir um cafuné e receber. A graça de ver alguém dormir ao meu lado na pose mais desconfortável e mesmo assim parecer feliz.

Ele voltou. E trouxe em mim uma parte que eu não tinha visto antes. Obrigada, Amor. É bom te ver aqui de novo.

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Written by Morena

Eterna aprendiz na escrita e na vida adulta. Falo principalmente de (e com) amor, próprio e pelo outro.

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