Você disse que as pessoas não gostam da Lua em si, como astro. Mas que elas gostam do evento que representam, como uma noite aberta estrelada.
Hoje o céu está nublado. A Lua não se fazia ver enquanto eu caminhava para a padaria. Apenas era possível inferir que ela estava ali, há uns 110 graus da minha cabeça, porque entre as nuvens espalhadas pelo vento era possível ver um espaço iluminado. Isso já me bastou para sorrir. Aquele meu lembrete de que entre os ciclos do Universo, há muita estabilidade.
Saindo com a minha garrafa de capitalismo e açúcar (aquele refrigerante de cola), eu passei pela casa com a minha planta preferida. Um pé de plumeria, planta também conhecida como jasmim-manga. Olhei para cima para encontrar o pé quase sem nenhuma flor. Mais acima dele, a Lua. As nuvens se abriram num círculo imperfeito a sua volta. Por esses 5 minutos de trajeto ela acompanhou meus passos. E justamente por essa noite não ser uma dessas de Lua cheia e céu limpo, vê-la CRIOU o evento.
Talvez se a olho nu pudéssemos ver com alguma proximidade outros astros que não machucassem nossos olhos, também se tornassem referência constante de algo bom. De uma ligação com algo maior, único, integral. Mas a Lua é esse satélite disponível. Que move marés e poesias. Por isso ela cria o evento da nossa admiração. Ela é o alvo, simplesmente por existir, aparecendo ou não.
Cheguei em casa ansiosa para compartilhar isso com você. E sorrindo com os olhos marejados, sei que ela não é a única que precisa apenas existir para me fazer sorrir e acreditar no melhor de cada fase.