A Super Simples

Morena
2 min readDec 14, 2021

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Se eu tivesse um superpoder, seria a simplicidade. A Super Simples. Em cada problema, eu simplificaria causas e soluções. Em cada briga, simplificaria pontos de vista até que as partes envolvidas pudessem sinceramente se entender. Iria simplificar o entendimento sobre o mundo, a vida, a ciência e a fé. Não para reduzi-los, mas para que a a simplicidade aprofundasse o sentir. Porque sentir é mais fácil quando simplificamos. E quando sentimos em plenitude, acessamos essa parte da consciência que reconhece os próprios pensamentos e sua reflexão na materialidade. E quando acessamos essa luz de verdade, podemos nos afetar menos por nossas realidades limitadas e aceitar mais a transitoriedade.

Simplificar é um dom, um talento, um superpoder de poucos. Há filósofos que fazem isso muito bem. Físicos como Sagan. Espiritualistas, como Deepak. Simplificam, traduziu um em linguagem humana conceitos abstratos e sentimentos vastos, conduzem teorias e práticas para que nos conectemos com essas ideias e sensações. E simplificá-las mantem sua vastidão. Toma tempo. Oi, Cronos.

Talvez eu usasse meu super poder em mim. Simplificaria meus sonhos, meus desejos, meus pensamentos, até chegar naquele pontinho inicial que alimenta todos eles. Simplificaria minha forma de viver, tentando voltar àquela Rebeca de 8 anos tão feliz com sua carne louca na festinha de aniversário e tão presente na sua própria vida que nem sabia que havia outra forma de viver. A que era simples, que tinha uma imensa gratidão por cada segundinho e cada coisinha do seu dia. E tudo aquilo bastava. Porque era “tudo aquilo”. Na simplicidade é assim: o presente basta, ele sozinho transborda o próprio dia. É a felicidade que vem do ser, não do desejo (e nisso tio Schops tinha razão, o desejo é de ausência e a ausência não some porque você tirou um item da lista).

Complexificar, a nível social, é uma forma de excluir quem não tem acesso a recursos. A nível individual, é excluir a si mesmo de um mundo de paz. É agitar, complicar, colocar-se em problemas voluntariamente. Também pode ser na complexidade que começa o crescimento. Mas em reconhecer que algumas questões tem complexidade intrínseca. Não adicionar fatores complicantes porque eles parecem justificar alguma postura sua que mora aí, no seu desejo. O processo cíclico do crescimento, que perpassa questões complexas, começa e termina na simplicidade.

Por isso, por não ser a super simples e por desejar que um dia a gente seja/volte a ser, termino esse por aqui. Com o final mais simples que um texto pode ter. Fim.

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Written by Morena

Eterna aprendiz na escrita e na vida adulta. Falo principalmente de (e com) amor, próprio e pelo outro.

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